sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Chuva de Pensamentos

Tenho vontade de pensar em voz alta,
Na varanda, a claridade quase morta;
Hora em que há apenas a distância,
Que impede que um som se ouça.

Tarde fria, em que a chuva forte,
Escurece tudo e cai de repente;
Um crepúsculo tão desanimado,
Tão silencioso, tão frio e acabrunhado.

As trepadeiras com flores, da janela,
Encolhem-se mudas, como coisas velhas,
Não há distância nesta neblina imensa,
É a cor do adeus, da saudade, da ausência.

E esta água fria, desta chuva quieta,
Cai nas folhas verdes, que choram a queda;
Gotas que caem de folhas silenciosas,
Chorando com saudade das rosas.

A chuva caindo, como bailado mudo,
A noite surgindo,  preguiçosa tomba;
As mãos escrevem como milagre antigo,
O nome guardado de um distante amigo.

Na noite fria, com cheiro de madrugada,
Sem os astros, de uma noite apaixonada;
Meu pensamento inquieto descansa,
Em um nome que é apenas lembrança.

E o escrevi na neblina inconstante,
Em um verso, apagado num instante;
Pois a chuva que desce das nuvens negras,
Chorou, e apagou todas as letras.
 
EXTRAÍDO DO LIVRO –“ O HOMEM É O VERSO A MULHER O POEMA” DE NEUZA MARIA SPÍNOLA

Sem comentários:

Enviar um comentário