Na varanda, a claridade quase morta;
Hora em que há apenas a distância,
Que impede que um som se ouça.
Tarde fria, em que a chuva forte,
Escurece tudo e cai de repente;
Um crepúsculo tão desanimado,
Tão silencioso, tão frio e acabrunhado.
As trepadeiras com flores, da janela,
Encolhem-se mudas, como coisas velhas,
Não há distância nesta neblina imensa,
É a cor do adeus, da saudade, da ausência.
E esta água fria, desta chuva quieta,
Cai nas folhas verdes, que choram a queda;
Gotas que caem de folhas silenciosas,
Chorando com saudade das rosas.
A chuva caindo, como bailado mudo,
A noite surgindo, preguiçosa tomba;
As mãos escrevem como milagre antigo,
O nome guardado de um distante amigo.
Na noite fria, com cheiro de madrugada,
Sem os astros, de uma noite apaixonada;
Meu pensamento inquieto descansa,
Em um nome que é apenas lembrança.
E o escrevi na neblina inconstante,
Em um verso, apagado num instante;
Pois a chuva que desce das nuvens negras,
Chorou, e apagou todas as letras.
EXTRAÍDO DO LIVRO –“ O HOMEM É O VERSO A MULHER O POEMA” DE NEUZA MARIA SPÍNOLA
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